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NO MEIO AO NADA DESCUBRO O AMOR

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Em meio ao nada descubro o amor... Na incerteza de meu tempo, descubro que não são só sentimentos Que ficam no meio de tudo: Há também os desejos, que deles falam quase tudo. Querer algo, leve, sensível, adocicado parece o normal; Mas, pela vida, o que se nota, é que nem todo querer vem do real. Na maioria das vezes, além do querer, impõe-se a necessidade De criar mais um capricho e um perdão nesse mal. Vontade que pode ser substituída por outra e mais outra. Como substituir o mais valioso: a vida por poesia, E um querer verdadeiro por alegria... E no meio disso: saudade, desapego, solidão, melancolia ...amor Fico olhando o céu e o mar... Inevitáveis comparações surgem feito criança, Descobrindo mundos outros, dentro de um mesmo, Tento entender os limites que me levam a justificar seus segredos: Entre a beleza é que se percebe o meio... Mais um acaso querendo ser o primeiro. O acaso faz o dia terminar dizendo que tudo foi belo, Que amanhã nascerá tudo revigora...

TRINTA E NOVE GRAUS

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Carnaval em apogeu... Delírio dos felizes a dançar pela folia. Corpos suados misturando confete e serpentina... Calor para não esquecer jamais, no sorriso de uma menina. Mas ela me chega calada... Fantasia na mão, andando, bailando como Alerquim. Girando torto, como a descer alguns degraus... Transpirando com febre de trinta e nove graus. A alegria de um povo é um diamante verde e rosa... Que chega, acontece e não importa o que o seu brilho cala. Joia mais que bonita... Que atirada ao rosto, fere tanto quanto uma navalha! E aqueles desfiles maravilhosos do carnaval na Sapucaí, Passando perto da janela, salpicando estrela na imaginação...! Eu... De terno branco, chapéu, flor na lapela, De antibiótico e um termômetro na mão. Carnaval é assim mesmo: Uns choram; outros riem! Pierrô e Arlequins vivem cantando... Por causa de Colombinas, sempre acabam chorando. Foram embora os blocos por ai... A poeira no chão já assentou. Os olhos daquela menina voltam à vida di...

VENEZIANOS

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Para um carnaval com algo mais que plena liberdade... Túnicas coloridas, sedas, capas e vestes compridas Mais do que criar fantasias, a intenção é proteger de olhares curiosos e de maldade. Coberto, todo tipo de excesso é mais permitido! Máscaras de uma beleza porcelana desenhada a perdoar os rostos... Lenitivo pecador a eliminar distinções Entre os sexos... Entre as classes sociais... a hierarquia Qualquer diferença pode ser esquecida se o traje for belo. Misturados na festa a presença de saltimbancos... Músicos atores, operadores de marionetes... Comediantes, adestradores de animais! Além dos grandes banquetes e das peças teatrais, uma medieval e suntuosa realidade E a maior atração... talvez já esteja até esquecida: O Voo da colombina: um escravo descendo a corda Presa ao campanário da igreja de São Marcos. Virtuosismo negro na praça é Colomba (1) acrobata a jogar flores aos foliões. Entre a multidão, em outra era não seria diferente de agora, O mais popular p...

O QUE FARÁ DO CARNAVAL?

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Sábado, vi o desfile do bloco “Simpatia-Quase-Amor”... Há vinte anos, desfilavam duzentas pessoas e A prioridade era brincar o carnaval... Era “o” ótimo! A maioria das pessoas naturalmente alegres... Cartazes irônicos e ruas leves... Cores sortidas para falar de política... E um baile amarelo e lilás em puro Romantismo. Agora há umas quarenta mil pessoas comprimindo Ipanema... A maioria tocada pela bebida e, a letra da música sempre denuncia! Choque de ordem, decreto do prefeito, que nem dá para chegar perto. Isso não está certo! E você, o que fará no carnaval?! Vestirá fantasia e, se perderá na avenida...? Esquecerá dos bons modos para se entregar à folia...?! Desembarcará no Rio ou continuará Colombina entre flores, no mais antigo carnaval, em Veneza? O que fará? O mais antigo carnaval do mundo é o carnaval de Veneza (data de 1084). Até hoje, os participantes se vestem com trajes que recriam personagens da (1) Comédia Dell'Arte : Colombina, Arlequim, P...

RESPONDA SE PUDER

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Responda se puder Imagine uma construção toda amarrada, Se não pelos ferros... Por paredes e vigas pesadas... Ou seria pelo concreto do cimento? Imagine-se quebrando esta prisão, Buscando aleatoriamente maior amplidão de salas e espaços, Como se, matéria ou argamassa tivesse energia capaz de dispensar Todo o conhecimento do limite que a faz desintegrar. Toda mudança na vida deveria ser premeditada, E com liberdade seria, ir além das conformidades do fazer leis tolas Para que pudessem ser transpostas frente à natureza. E todas as coisas poderiam livremente mudar de lugar, sendo livres. Ter a liberdade para voltar sozinho para casa... Para caminhar contra o vento, sem lenço e sem documento... Por tocar o corpo, desprezando o conhecimento, De que um desejo imenso sempre leva o amor à queda! Liberdade...? Se indagar saberá que trata-se de algo amplo na vida, Que não pode ser suplantado no conceito de imensidão. Pois, liga-se a autonomia, possibilitand...

POEIRA

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O que seria um absurdo agora... Poeira indo para o mar? Aquele estranho corpo... Num absurdo que a tentação pode alcançar! Poeira a invadir meu espaço Poeira deixando meu coração opaco Poeira que rapidamente se move Poeira que assustada da tragédia também foge! A queda do pássaro que voa longe ao léu O tempo que não rima e simultaneamente voa Se não sabe nadar, por que ir ao mar? Tentação! Poeira que aranha o céu. Numa fase da vida eu tinha sonhos Sonhos que despertavam sentimentos dos escombros Sonhava que poderia subir e talvez voar... Tudo virou poeira e foi pro mar. De magela e Carmem Teresa Elias (Imagem google: transeuntes correndo assustados enquanto os edifícios desabavam na rua Treze de Maio)

Concordia, Fortuna, tudo poderia começar apenas por um nome...

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Poderia apenas começar pelo nome... Mas Fortuna representava o primeiro grande navio, trazendo a temporada dos grandes transatlânticos. Pensar em fortuna tem outras inquietações e não se referia à riqueza, como muitos pensavam. Significava “Destino". Incluem-se assim, as relações de causa e de efeitos que possuem a Roda da Fortuna. Numa versão simplista: O destino da sorte! O verso inicial de Carmina Burana na mente faz a associação: ”Oh! Fortuna, Imperatriz do Mundo! Aquela imensa e branca nave chegou há alguns anos. O cisne mágico e encantado que apontava para os rumos de um Shangrilá prometido e que, depois de vê-lo flutuar, num vai e vem de dois anos,fez com que, fascinada, a Imperatriz Beatriz, declarasse: Como fazer para viajar? Planejar, poupar, descontrolar... Após algumas temporadas o destino nos fez embarcar. Mas, Fortuna já não viria mais a Costa brasileira, em seu lugar, um navio maior chegara: o Concórdia. Tubarões, monstros marítimos, sereias gigantes para n...