A CRIANÇA E O CASULO

Não chores, minha criança,
Pelo mar que desmancha
Teus passos pela praia...
Não adianta querer demarcar
Os contornos rígidos das caminhadas.
A vida não se trilha com um mapa:
Nela, a Verdade voa
Com asas metamorfoseadas...
Todos os percursos que trilhamos
Acumulam areias revoltas
No corpo íntimo do Tempo.
Todos os percursos
Nos conduzem,
Indistintamente,
Ao encontro dos nossos vesperais...
Quando as realidades nítidas
Se diluem
Na centelha única
Dos crepúsculos.
Um dia, ao olhar para trás,
Ao fim de tua jornada, verás
Que de nós não sobra quase nada:
Como anjos,
Saímos crianças
Da neblina arrastada do nosso despertar:
Como vultos da manhã ... nascemos...
Perseguindo o Sol
Que nos transforma
Pouco a pouco
Em idades.
Um dia,
Como homens,
Entramos na noite
Que, de mãos dadas com o alvorecer,
Nos aguarda
Para novamente
Qual anjos
Nos receber.
A vida é um simples sonho da Inexistência...
Os dias são simples mutações da consciência...
Em nada vencem a eternidade que nos precede
E nem a outra que nos sucede...
Por isso, não chores, minha crinça...
Tuas lágrimas tecem tranças em torno de ti,
Tirando-te a leveza de asas
Em teus voos pelas idades...
O mundo por onde pisas
É apenas a dor do corpo
Fechando-te no casulo
E preparando-te para a vida.

Carmem,
ResponderExcluirÉ bonita a metáfora, ainda mais que nossa vida é realmente efêmera como a da borboleta. Feliz é aquele que consegue aproveitar da vida, tanto quanto ela, com espontaneidade, com alegria, com colorido.
Eliane f.C.Lima (http://conto-gotas.blogspot.com)
Minha
ResponderExcluirMãe me dizia
Não chore...
Tuas lágrimas
São os segundos
Do tempo que as usa
Para grudar suas lacunas...
As gotas são remédios
Que até Ele...
Precisa...
Em noites de tempestades...
Que assustam crianças
Como tu és...
Se achegue ao meu abraço
E não chore mais...
Deixe o tempo
Bater a uma farmacia
Do ministério...
Fechada
E, sem plantão...
Linda... Tua Poesia... Carmem...