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O PALHAÇO

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                                                          Poema inspirado no  quadro "O Palhaço "de Auguste Renoir Voce acha Que m inha cara É engraçada ... Meu cabelo arrepiado ... Minhas vestes, exageradas ? Olhe, Olhe bem ... Minha pele é pálida... Meus lábios sangram sedentos  ... Meus dentes colhem sementes de fome ... E as borboletas Não enfeitam minhas vestes, Não ... Todas elas Morreram sem jamais sairem Do casulo que sou eu no picadeiro doentio do ator . " Música Maestro ! " Da encenação da Vida Eu detenho A batuta dos risos E o arco do violiono Que Fazem com que você ria Da própria dor Da própria morte ...

O HOMEM

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  Ele foi feito de barro E um paraíso lhe foi dado. Ele foi feito de amor Mas semeou pela terra a dor. Quando pequena eu não o via.... Mas soube que ele chegou Quando o canto dos pássaros Um dia silenciou... E meu choro de criança jamais se calou... Quando cresci, eu já o sentia. Seus movimentos encobriam meus passos... Até o céu havia perdido o seu espaço. A fome engolia a fé... A sede sugava a espera... Faltou-me até mesmo o tempo e eu não consegui alcançar a criatura! Quando parti, porém , percebi as minhas mãos manchadas de culpa. Do mundo sobrara apenas o barro, esmagado entre as dobras dos meus dedos... O monstro, senhor, o monstro sem amor também era eu mesma: éramos todos... E o meu erro foi não perceber que junto a mim também sofria uma humanidade inteira!!!!

INTERPRETAÇÃO

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         INTERPRETAÇÃO   Entre a penumbra das palavras e a luz deusa da sua leitura minha poesia revela toda uma vida... Assim, queria ofertar-lhe um poema No recebimento de seus olhos Compor -me e Ser.

O POETA E A POESIA

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Fui exposto Ao teu sofrer... Às tuas mãos a escrever... Com olhos cerrados Davas a existência às palavras... Eu não via o que miravas E tua mensagem, não compreendia ... Porém sentia A dor de tuas mãos A escrever Sem pausa... Sem descanso ... Sem perdão por si mesmo... Escrevias com os olhos cerrados E somente as palavras Sabiam o que tu miravas... Só elas Choravam tua melancolia Teu desespero Teu movimento incessante Eras a própria dor a escrever O próprio amor a sofrer... E, agora, sem perceber, sou eu O teu amor E tua dor... Composto Exposto Escrito Sou teu Poema Vivo ! Sou o cerne de todo o existir Sobre o papel E sob minha pele
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ESSE MAR QUE ME BANHA Esse mar Que me banha e me salga Não é mais só o meu... Vem de longe... Trazendo talvez uma lágrima Um sorriso... um poema... Vidas e segredos de alguma outra praia. Vem me banhar Da solidão despovoada das ilhas Da angústia das almas náufragas na vida Da mágoa da ostra por sua pérola ferida... Vem de longe De um passado anterior a mim Vem me banhar Da memória molhada do Tempo Vem me trazendo a vida Em suas ondas como quanta Buscando meu toque, meu olhar, Para a outras praias também me levar. Essa história imensa me abarca Um infinito clama por minha alma E meu sonho se desfaz em grão de areia... (IMAGENS GOOGLE)

A CRIANÇA E O CASULO

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Não chores, minha criança, Pelo mar que desmancha Teus passos pela praia... Não adianta querer demarcar Os contornos rígidos das caminhadas. A vida não se trilha com um mapa: Nela, a Verdade voa Com asas metamorfoseadas... Todos os percursos que trilhamos Acumulam areias revoltas No corpo íntimo do Tempo. Todos os percursos Nos conduzem, Indistintamente, Ao encontro dos nossos vesperais... Quando as realidades nítidas Se diluem Na centelha única Dos crepúsculos. Um dia, ao olhar para trás, Ao fim de tua jornada, verás Que de nós não sobra quase nada: Como anjos, Saímos crianças Da neblina arrastada do nosso despertar: Como vultos da manhã ... nascemos... Perseguindo o Sol Que nos transforma Pouco a pouco Em idades. Um dia, Como homens, Entramos na noite Que, de mãos dadas com o alvorecer, Nos aguarda Para novamente Qual anjos Nos receber. A vida é um simples sonho da Inexistência... Os dias são simpl...

TELA DE ARAME

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TELA DE ARAME Da janela do meu quarto Vendo a chuva deslizar Pelas cercas do quintal, Encantei-me com as gotas Que presas ao arame Desciam devagar No zig-zag do traçado. Fiquei a pensar que algumas pessoas, Como pingos mais intensos, Se projetam logo aos seus destinos, Enquanto outras batalham tanto, Indo e vindo pelas telas dos seus dias. Reparei que as gotas em queda certeira Se perdem sem nitidez... Como um véu, desaparecem... Sem paisagem e nem vontade. Já as outras, bem mais raras, Traçam luzes prateadas Nas cercas que antes pareciam apenas Marcar limites da liberdade. Então fechei a janela descansada, Feliz por não ser dessa multidão tão apressada, Pois, ao invés de ir correndo ao fim dos rumos O que eu quero de verdade É encantar-me com as dificuldades Que me prendem junto às grades Que, às vezes, margeiam a felicidade.